sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sobre o privilégio do personagem

O peronagem é livre para ser o que deseja, dizer e fazer o que quiser. Só ele pode ser o que quer sem julgamentos nem conseqüências. Ele não tem um cpf, rg ou residência para tirar satisfação. Ele existe no instante presente e nada mais, assim como o período de existência que nós deveriamos entender que temos, mas não aceitamos a finitude de algo tão superior como nós. Nós inventamos o "até amanhã".

O personagem pode ser parcial para qualquer lado que quiser, pode defender o que quiser, o que muda o caráter da mentira que o ator por trás da máscara conta para representação. A partir do momento que o argumento do ator é transferido à boca do personagem, ele passa a ser apenas mais uma visão da realidade. E esse ponto de vista é ainda mais eficiente do que se fosse dado por um ser humano. Contra o personagem nós não temos preconceitos humanos, resistências ou escudos, pois com eles não temos uma relação - como teriamos em qualquer relação humana - de interesse. Eles não vão querer nada de nós quando aquele momento chegar ao fim, nós não vamos querer nada deles quando o momento chegar ao fim, simplesmente porque eles não vão mais existir.

Falar com um personagem é como falar com alguém no leito de morte. Tudo se da ali como se fosse a última oportunidade, como se não tivessemos mais a obrigação de sustentar imagens que temos e não queriamos ter. É como contar segredos a alguém que nunca vai poder contá-los para mais ninguém.

E deixar-se tomar por um personagem implica na liberdade de deixar fluir por uma máscara quase morta aquilo que será censurado enquanto houver vida inteligente, independente da política ou das leis. O personagem, por ser todas as pessoas e nenhuma pessoa, pode ser o que ninguém se permite.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Fazer sempre a cena, qualquer que seja, acontecer.

"Pra semana que vem eu queria escolher os atores e atrizes que eu quiser para fazer as cenas que eu quiser. Não quer dizer que isso vai ser a formação final para a peça, apenas que eu quero dividir as pessoas de um modo que nós provavelmente veremos a cena acontecer."

E não é apenas disso que se trata? De fazer, dentro das inúmeras possibilidades de "como", a cena realmente acontecer?

domingo, 10 de abril de 2011

Instante

Cansei de planos mirabolantes. Cansei dos meus clichés. Cansei do perfeccionismo. Cansei de ter medo de errar. Cansei de me julgar. Cansei de não me aceitar. Cansei de pensar pra falar.

 Hoje eu só vivo. Hoje eu quero como companhia quem me acompanhar naquele dia. Hoje eu quero dia após dia.