Não entendi o que aconteceu.
Parece que tropecei ali atrás. Cai, bati de cara no chão.
Ui!
Este que vos fala é uma criatura que não faz mais a menor ideia de quem é. Comparado com esse outro moço, que sempre escreveu por aqui, sinto-me um todo leigo.
Não penso mais na vida, nas coisas e não viajo como esse louco ali do post de baixo. E do outro, e do outro.
E estranhamente sinto que, ao mesmo tempo, me conheço um oceano a mais. Dos grandes. Sei de tudo que abri mão pra chegar até aqui, neste tempo em que existo. Sei de todas as dores, todas as ações e todas as consequências, sei do futuro daquele louco ali do textão de baixo.
Hoje parece fácil ver.
Zero a 5. Depois 6. E então 7 a 10, 11 a 14, 15, 16 a 18. Ai então 19 parte 1 e parte 2. Vinte aos 23, 24 a 27 e, finalmente, 28 aos 35, onde encontro-me agora. Esses números todos que você acabou de pular (eu teria feito o mesmo) porque não estavam te dizendo nada, são todos os períodos de idades em que separo os momentos da minha vida na minha memória.
Hoje parece fácil ver que dos 6 aos 14, depois dos 16 aos 18 e depois dos 19 e meio aos 23 foram os momentos mais felizes da minha vida. É fácil perceber também que o período dos 24 aos 27, que foi disparado o período de tempo mais horrível que eu poderia sonhar em viver, não só não durou tanto tempo assim (mesmo parecendo ter durado 10 anos) quanto foi a desgraça do tempo que mais impactou - e que ainda impacta minha vida - até cerca de 1 ano e meio atrás, quando finalmente percebi que posso voltar a querer ter uma vida.
A vida é uma coisa louca, cara.
Escrevendo assim, botando minhas engrenagens da autoconsciência pra funcionar por esse velho porém bom amontoado de madeiras, pregos e memórias, por um momento bate até uma certa melancolia. Dá uma falsa sensação de que ainda tenho no peito essa velha sobra que andava arrastando em letras por aqui. Sinto-a um pouco, até. Confesso. Uma vez emo sempre emo, é verdade. Mas 35 anos é uma caminhada, cara! Hoje sinto minhas emoções e, por que não dizer, hormônios, um pouco mais sedimentados - e a "sofrência" já não fala mais tão alto. Muitas lutas desnecessárias foram abandonadas pelo coração e uma leve pontadinha da sabedoria da experiência de vida já parece começar a bater à porta.
Quem diria.
Parar de lutar contra o mundo e contra si mesmo fez bem, afinal. Eu acho.
Ficar quieto, ir atrás do que legitimamente quer fazer, aceitar o recomeço. Tudo culminou no presente. E, parece, no presente eu finalmente entendi quem eu sou, mas não porque eu me permito refletir sobre mim mesmo. Meu eu adolescente é que era excelente nisso, mesmo. Não porque tenho uma mente mais predisposta e aberta a me conhecer, mas porque conheci melhor a minha história e tudo aquilo que já fiz e já fui. As reações que tive às ações que me foram impostas.
E a história nos ensina sobre o presente.
Hoje, paradoxalmente, mesmo sentindo que tenho muito mais defesas e ressalvas em minha mente que me impedem de cutucar muito fundo pra descobrir mais sobre mim mesmo (eu sinceramente acho isso algo inteligente a se fazer até certo ponto) acabo, ainda assim, tendo a nítida sensação que me conheço muito melhor pela experiência de vida e pela visão com mais distanciamento de toda minha história pessoal.
Não é louca essa parada? Hahaha..
Uma coisa que não mudou foi que quando eu canso do assunto ou da linha de raciocínio eu simplesmente largo mão e mudo abruptamente. Desistir é humano, não deixem te dizerem o contrário.
Aos 6 anos eu me mudei de escolinha e tive que fazer uma "prova de nivelamento" (que é o nome que eu acabei de inventar que essa prova tinha porque parece assustador, mas era uma dessas provinhas pra ver o quanto o aluno aprendeu da escola anterior pra ver em que ano botar ele) que foi uma das coisas mais assustadoras da minha vida. Mentira, acho que nem foi. Mas eu lembro que senti muito medo.
Acho que sempre fui assim. Me cobrava muito. E me cobro.
Mas não desse jeito que as pessoas falam pra passar na entrevista de emprego. De um jeito que faz mal mesmo sabe? Que da um enjôo, um suor frio, uma coisa física. Já sentiu? E muitas vezes é pra coisas super bobas, que depois que passa o tempo e você o quão bobas elas eram você percebe o quanto sofreu a toa.
Adorei a maneira que isso aqui caminhou. Pode ser que volte a escrever para ninguém em breve, achei terapêutico.
Pode ser também que acabe nunca mais escrevendo aqui; o que, embora eu ache improvável, também não posso dizer que é impossível. Eu posso até morrer antes disso né? Credo.
Mas pode ser também que só volte a escrever daqui a uma cacetada de anos! O que acho que é o mais provável mesmo.
Vou dar um palpite: acho que vou acabar escrevendo mais uma ou duas coisas menores e meio aleatórias daqui a não tanto tempo. E ai vou sumir por anos hahaha. O bom é que não tem ninguém esperando por isso, agora. Ufa. É boa essa sensação, pra variar. Agora esse diário público finalmente é só meu. Ou não.
A internet é uma coisa louca.
Por sinal eu fui criança, fui cursinheiro, fui ator (cara, eu mandava bem nessa brincadeira)(esse outro parênteses aqui é pra explicar pra você que tá lendo que eu realmente não achei que alguém algum dia iria encontrar esse texto aqui afundado nos escombros da internet, então deixa eu me gabar da minha atuação pra mim mesmo em paz, não tô querendo me aparecer pra ninguém, eu garanto hahaha). Ai então fui um fodido, que achava que queria concurso público, que achava que queria administração, que só achava mas no fundo só se afundava cada vez mais em uma vida que eu nunca, por nada, nem a pau eu ia querer pra mim. Que bom que eu fugi disso, eu ia morrer de depressão se continuasse naquele caminho de merda.
Depois fui fodido por mais um tempo, mas tentei fazer publicidade (e a grana acabou), tentei fazer psicologia (e o curso era péssimo), tentei dar aula de teatro (e consegui, difícil era me pagarem feito gente), tentei ser uber (e consegui, difícil era ser uber no meio da pandemia de Covid-19), tentei ser streammer (algumas semanas bastaram pra eu perceber que a última coisa que quero é trabalhar de palhaço de moleque bobo) e agora estou em mais uma tentativa.
A vida me ensinou a não espalhar aos 7 ventos nossos projetos do momento. Isso porque desistir INÚMERAS vezes é parte do jogo. Até encontrar o que realmente quer. E se você fala o que está fazendo você aumenta a expectativa dos outros em você mesmo, o que aumenta a sua expectativa em você mesmo, o que gera uma tensão absurdamente desnecessária (que vai te atrapalhar) além de muitas vezes acabar fazendo com que você fique naquela meta por mais tempo do que deveria, mesmo depois que percebe que na verdade aquela coisa não é A COISA e que o melhor seja desistir logo e ir pra próxima tentativa.
E embora eu ache que ninguém vai ler isso aqui, acredito que jogar na internet qual é a minha tentativa no momento se configuraria como "espalhar aos 7 ventos".
Mas hoje me parece tão óbvio que o que estou fazendo agora não poderia estar mais certo, considerando quem eu sou e sempre fui.
Daqui a alguns anos, quando eu lembrar novamente que esse blog existe, vou poder voltar aqui e lembrar desses pensamentos, e ver se era isso mesmo ou se foi só mais uma tentativa numa longa linha de tentativas.
Ou talvez eu morra antes. Não quero, é só uma hipótese.
Pessoas morreram, ou quase morreram nos últimos tempos.
Por isso a morte parece cada vez mais algo próximo.
Não tão próximo não. Só acho ainda um pouco chocante essa noção de que a morte realmente existe, acontece e tal. É estranho não é? Estamos aqui e de repente, puff.
Credo.
Por enquanto, fim()