quinta-feira, 15 de março de 2018

A primeira coisa a entender é que você não deve absolutamente nada a ninguém, nem mesmo a você. Você não tem a obrigação de ser feliz. Você não tem a obrigação de produzir nada. Você não tem a obrigação de satisfazer às necessidades emocionais de outra pessoa. Você não tem a obrigação de explicar o motivo, a base, o raciocínio lógico que o levou a fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Você tem completa autonomia para usar e abusar da sua intuição, que é uma das poucas coisas que nos restou de natural. Você não tem a obrigação de manter o padrão econômico da média da sua família ou de elevá-lo. Você não tem a obrigação de ter uma família ou de continuar na sua. Você não tem a obrigação de agradecer a deus por ter saúde, por ter família, por ter comida. Você não tem, sequer, a obrigação de viver. E você não tem a obrigação de saber os motivos que te levam a querer ou não alguma coisa e a acreditar ou não em alguma coisa.

A segunda coisa a entender é que ninguém é obrigado a entender nada. É uma prepotência sem tamanho achar que podemos nos entender, entender aos outros e entender o sentido da coisa toda. Ninguém em sã consciência deveria obrigar ou sentir-se obrigado a saber de nada. Você tem total liberdade pra passar a vida toda sem saber o que quer ser quando crescer. E ninguém tem o direito de insinuar que você é menos por isso. Até tem, mas ela merece um soco na cara muito bem encaixado em retribuição.

A terceira coisa a entender é que não há nem a primeira, nem a segunda, nem nenhuma coisa a entender. Todas elas juntas formam um grande e singular vômito de uma pequena parte de todas as coisas indigestas que socam na nossa goela e que não tem nenhum compromisso com a realidade. São apenas tentativas de lidar com o fato de que a realidade é uma merda, e que o que uns chamam de pessimismo crônico outros chamam, simplesmente, de "não engolir essa mania cor de rosa de pensamento positivo que gera felicidade", que é mais chato que fanático religioso pregando sobre a plenitude do ser. Não é possível, algum dia vão ter que perceber o tamanho da doença que é essa busca pela felicidade com fórmulas lógicas, planos, metas. Ninguém vê que isso é religião?

A quarta coisa a entender é que religião funciona. Mas pra quem acredita. E que, infelizmente, acreditar não é uma opção. Se você vê que aquilo não faz sentido, pode tentar acreditar até a morte. Não vai rolar.

A quinta coisa a entender é que não há nenhuma - absolutamente nenhuma - versão de Caruso melhor do que a interpretada por Lucio Dalla.

A sexta coisa a entender é que, muitas vezes, um cachimbo é apenas um cachimbo. E que escrever direto num blog para ficar exposto pode ser apenas uma forma de dar um frio na barriga, ou um fetiche de exibicionismo, ou qualquer outra coisa tão simples e imbecil quanto. E muitas vezes não é nem uma nem outra, e nem nenhuma, só é assim por que foi assim que aconteceu. Acaso.

A sétima coisa a entender é que tem textos em que você encontra a problemática toda na primeira linha. Do contrário não haveria tantas explicações nas linhas que a seguiram - caso ela não dissesse que ninguém deve nada a ninguém.

A oitava coisa é que manter uma linha de pensamento sem tender a falar logo do todo da forma mais superficial possível não é exatamente a especialidade da geração y.

E a nona coisa a entender é que um texto no meio de vários de um blog que, basicamente, pontua momentos da vida de alguém, não precisa e nem deve ter fim. A não ser que ele morra. Mas ai não vai ter como ele escrever o fim.

Enfim[...]

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