quinta-feira, 15 de março de 2018

Sobre o Paradoxo do Comediante

E ao fim do espetáculo, em meio a risos e gargalhadas do público, o artista se vai, infeliz. É que ele tem olhos para ver e sabe que tudo que os fez rir há pouco é parte da mais triste realidade. Por isso um comediante não poderia ser outra coisa se não um comediante: sua maior alegria é poder rir os risos da platéia e esquecer por breves momentos que ele pode ver, é poder sentir aquele riso bobo e tornar-se mais um entre os cegos; é poder fechar os olhos por alguns instantes e sentir, enfim, que ele também faz parte da humanidade.

2 comentários:

  1. "e esquecer por breves momentos que ele pode ver" - isso eu gosto. "sentir, enfim, que ele também faz parte da humanidade." isso eu não gosto. Prefiro não fazer, nem me sentir...

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  2. Esquecer por breves momentos que ele pode ver, minha querida pati, é exatamente o que o torna parte da humanidade, enquanto esse esquecimento durar.

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