quinta-feira, 15 de março de 2018

Luz

Hoje eu liguei minha tv. Sintonizei o rádio numa estação pop. Acordei em um horário de gente normal. Arrumei meu apartamento. Atendi o telefone da primeira vez que ele tocou. Abri as janelas para aproveitar os ares da manhã.
Tudo parece sólido. A realidade parece presente. Que engano. Realidade? Não acredito nisso, não. Mas agora ela me parece tão real. Quero fazer tudo igual. Nada diferente. Nada ao contrário do que uma pessoa considerada normal faria. Não quero ver algo diferente. Não quero ouvir algo diferente. Não quero fazer algo diferente. Acho que só isso já me traz tudo diferente. Porque se nunca quero fazer o que é igual e agora estou fazendo, então pra mim é diferente.
Acho que são os ares do dia. Tudo fica mais real. Não há intervalos de sombra que privilegiem a imaginação. Tudo está dado. Como num palco realista. Temos a impressão de que nada é relativo. Sabemos tudo. Vemos tudo. Ou ao menos pensamos que sim, por confiarmos de mais em nossos precários cinco sentidos.
Hoje? Sinto a necessidade do dia. Sinto a necessidade de ter certeza. Não me sinto disposto a ser flexível. Acho que finalmente entendi a função do dia para os notívagos: dar um descanso para a criatividade.

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