quinta-feira, 15 de março de 2018

Deixe as crianças brincarem.

Deixe as crianças brincarem.
Está nas crianças a imagem daquilo que somos.

Deixe as crianças brincarem. Permita que elas aprendam a gostar da vida. Permita que elas descubram, percebam, criem.

Deixe que elas brinquem e criem assim sua própria visão de mundo, não a que nós temos. Não induza a próxima geração a ser errada como nós. Não ensine que quebrar é errado. Não ensine que sujar é errado. Não ensine que não devemos fazer barulho.

Não ensine que errar é errado.

Não ensine. Saiba que a criança que brinca aprende muito mais do que o pouco que nós temos a passar.

Incentive. Permita que nossas crianças nos superem. Não tenha medo disso. Permita que nossas crianças não nos vejam como heróis, como sábios donos da verdade e velhos conhecedores da vida.

Brinque.

Não se deixe acreditar que a vida é séria. Não se deixe acreditar que você é importante. Não coloque esse peso nas suas costas.

Brinque, porque nós somos um dos poucos animais que tem essa necessidade. Aceite que nossa desimportante vida não deve ser vivida em vão.

Aceite suas obrigações. Você é obrigado a brincar, a não levar tudo tão a sério, a rir, a amar, a fazer nada com os amigos e a gastar dinheiro apenas com coisas desimportantes.

Status é muito importante. Estilo é muito importante. Poder é muito importante. Acumular dinheiro é importante. Segurança é importante. Não perca seu tempo com isso.

Jogue bola com seu filho. Beba, sim, mas faça-o acompanhado. Erre com vontade. Ria dos erros porque, assim que corrigi-lo, virão outros. Tenha por objetivo errar. Porque quanto mais erros cometemos, mais conhecimento temos para poder errar muito mais.

Não acredite que um homem sábio é aquele que sabe. Ele sabe tão pouco quanto qualquer outro. Mas tem consciência disso. E aprendeu a aceitar sua ignorância.

Ouça as crianças. Elas não tem a maturidade para dizer o que queremos ouvir. Elas ainda não aprenderam a ser cordiais. Elas não aprenderam a evitar conflitos. Elas ainda não desenvolveram a habilidade de contribuir com a perpetuação das convenções sociais, engessadas pela cultura do lugar onde crescemos. É delas que vamos ouvir o que realmente somos. Elas que vão nos mostrar o que nós escondemos de nós mesmos, por trás da moral e da lógica social na qual estamos imersos. Elas conseguem ver de fora o nosso comportamento estranho e paradoxal porque ainda não viveram tempo suficiente para ficarem totalmente imersas em nosso aquário normativo.

Tenha um animal de estimação. Muito tempo com humanos pode ser prejudicial. Ficar sozinho nem sempre resolve. Você é um ser humano.

Se nada disso servir para você, tudo bem. Viva a sua vida como quiser. Mas permita que o mundo mude. Deixe as crianças brincarem.

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